O QUE É O PROGRAMA HACKERS DO BEM? 

Se alguém se apresentasse a você como um hacker, você suspeitaria? Você provavelmente faria isso. O termo “hack” está intimamente associado ao crime cibernético. Seu significado, entretanto, é amplo e inclui até mesmo profissionais que trabalham em benefício das empresas e da segurança de dados, os hackers éticos.  

Hacking ético é o ato de simular um ataque a qualquer tipo de software para testar sua segurança. O objetivo é encontrar e corrigir quaisquer bugs no código antes que hackers mal-intencionados aproveitem essas violações para roubar dados ou prejudicar a empresa. A este respeito, podemos dizer que o processo de hacking ético é semelhante a um ataque cibernético. Enquanto os cibercriminosos utilizam uma brecha no sistema em benefício próprio, roubando dados ou alterando o código, o hacker ético revela a vulnerabilidade para a empresa, que pode então melhorar sua segurança. É por isso que o termo “hackear para o bem” é usado. 

Para usar o hacking ético em benefício do seu negócio, você pode contratar hackers éticos para trabalhar interna e continuamente para sua empresa. Além disso, você pode procurar uma consultoria especializada ou até mesmo oferecer recompensas financeiras para profissionais autônomos que encontrarem bugs em seus sistemas. Esta última opção chama-se Bug Bounty e pode ser criada através de plataformas que atuam como intermediários entre empresas e hackers de confiança.  

Mas é importante destacar que o hacking ético não é (e não deve) ser a única estratégia de segurança de dados de uma empresa. Por se tratar de um processo que exige profissionais altamente especializados, nem todas as empresas têm condições de arcar com isso. 

Com o intuito de qualificar e aumentar o número de profissionais de segurança da informação, no início deste ano, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), lançou o programa Hackers do Bem. A iniciativa é executada pela rede brasileira para educação e pesquisa (RNP) em parceria com o Senai-SP com recursos da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991. 

O curso gratuito em segurança da informação, oferece formação do básico ao avançado, para quem quer começar a atuar nesse campo. A ideia é oferecer oportunidade de aprendizado para pelo menos 30 mil alunos, se profissionalizarem gratuitamente e ainda apoiar projetos de inovação e pesquisas na área de cibersegurança em busca de novas soluções para combater os cibercriminosos. 

Nos dias 16 e 17 de setembro deste ano, a Universidade Federal de Juiz de Fora sediou o primeiro hackathon do programa Hackers do Bem, que ocorreu durante o Simpósio Brasileiro em Segurança da Informação.  

Um hackathon é um evento durante um determinado período de tempo em que as pessoas se reúnem, formam equipes em torno de um determinado problema ou ideia e juntas criam uma solução única do zero. Embora hackathons possam não resultar em um produto concreto pronto para ser usado, é uma forma muito eficaz de trazer à tona um ou mais conceitos que parecem promissores. O hackathon é oferecido como parte da formação de recursos humanos especializados do programa Hackers do Bem. 

Entre as subáreas que o programa procura qualificar os cursistas estão: segurança de rede, desenvolvimento seguro de softwares, segurança em nuvem, gestão de riscos cibernéticos, forense computacional, privacidade e segurança de dados, teste de penetração (pentesting), operações de segurança, conscientização de segurança e outros. 

O programa Hackers do Bem é uma experiência educativa inovadora para inspirar os participantes a canalizar suas habilidades técnicas para fins éticos e construtivos. Ao explorar os princípios fundamentais da cibersegurança e da ética hacker, os alunos não apenas aprimoraram suas habilidades técnicas, mas também desenvolvem uma consciência crítica sobre o impacto positivo que podem ter na sociedade. A ênfase na responsabilidade e na utilização ética das habilidades adquiridas reflete não apenas a excelência técnica, mas também o compromisso com valores fundamentais de integridade e contribuição para um ambiente digital mais seguro.